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Futebol às vezes é obvio como é obvio que a seleção brasileira jogou bem nos dois primeiros jogos de Tite, que ele é o cara certo para comandar a equipe, que Neymar voltou a atuar bem, que a geração não é ruim, que o Brasil vai para a Copa de 2018 e que o torcedor da seleção é bipolar. As altas críticas viraram elogios, por a seleção ser de todos e de ninguém, todos batem nela quando perde e aplaudem quando vence, muitas vezes há o exagero.

Tite é nitidamente melhor do que Dunga, um treinador com capacidade de ganhar o grupo, armar bem a equipe e ainda falar bem. Com certa simplicidade, colocou os jogadores nas posições que atuam em seus clubes, com ideais e poucos treinamentos fez os atletas jogarem bem. O trabalho dele para por aí, ele é um treinador que erra e acerta, uma hora vai perder, é preciso ter os pés no chão.

O que se viu dos dois primeiros jogos foi bem positivo, parece que o 4-1-4-1 vai mesmo ser o esquema e os jogadores vão encaixando nas posições. O jogo “apoiado” dito pelo treinador e algumas pessoas da imprensa não é nada revolucionário, é apenas a boa troca de passes, tabelas, triangulações e opções de passe. Tite pensa em jogar assim.

Os jogadores com destaque positivo nesta primeira sequência da Era Tite são: Marcelo, Casemiro, Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus. O melhor lateral-esquerdo do mundo, titular a muito tempo no Real Madrid só não jogava por teimosia de Dunga; o companheiro dele é um ótimo volante para desarmar e sabe sair jogando; Coutinho é habilidoso e tem ótima visão de jogo; O camisa 10 tem feito a função do Barcelona, participando bastante do jogo e na perna esquerda sendo decisivo; Jesus vai bem de frente para o gol na velocidade e de costas no pivô, pode se tornar o grande centroavante do Brasil. 

Paulinho já não foi lá estas coisas, atrasado nas jogadas fez um gol de mão sem sentido contra a Colômbia. Willian também ficou devendo, mas merece crédito para outras tentativas.

Tite pensa em um time intenso, com troca de passes até o último terço, chegando lá o talento resolvendo com criatividade e habilidade no um contra um. Este jeito de pensar lembra Guardiola, que no City, enfrenta Mourinho no primeiro clássico de Manchester entre os dois treinadores hoje. 

Porém na defesa o treinador do escrete nacional lembra mais Mourinho, é um misto dos dois, não que dizer que seja melhor que eles, acredito até que não.

A CBF demorou a fazer o óbvio, Tite era para ter chegado em 2014, perdeu-se tempo. O Brasil parece seguir no caminho certo, enfrenta a Bolívia e Venezuela nas duas próximas rodadas das eliminatórias. Parecem vitórias certas, por isso é preciso manter os pés no chão e não empolgar com o óbvio.


Matéria publicada no jornal O Atibaiense em 10/09/2016

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