Campeões, vices e mata-matas


Ao longo dos anos os vices sofrem no futebol. Os holandeses perderam três finais, cada uma com um gosto mais amargo: "ah, aquele gol do Müller..." e "ah, aquela bola do Robben...". Como os torcedores do Fluminense naquela final de Libertadores em 2008: " ah, o pênalti do Thiago Neves...". 

Os vices sempre sofrem, sejam eles os que sempre vencem, os que nunca venceram e os que amargam jejuns longos, como o Corinthians viveu, o Palmeiras, o Botafogo e a seleção argentina vive.

As histórias dos vices são sempre cruéis, existem times que ganham apelidos de vices e alguns que vivem com campeonato perdidos na final marcados pelo resto da vida. Como foi com Barbosa em 1950.



O Atlético de Madrid ganhou mais um capítulo para a sua história de vices na Champions. Primeiro sofreu um gol nos minutos finais contra o Bayern em 1974 e no jogo extra perdeu por 4x0. Depois em 2014 vencia até o minutos 93 de jogo e viu Sergio Ramos empatar e na prorrogação levou 4x1. Agora conseguiu empatar contra o mesmo rival em Milão, mas parou nos pênaltis. Tri-vice. nenhum outro time perdeu tantas finais sem ser campeão.

Deve ser difícil ao torcedor colchonero pensar que o rival tem 11 taças e ele nenhuma. 

Como diz Nelson Piquet "o segundo é o primeiro a perder", ele não está longe da verdade, mas é possível sofrer mais perdendo na semifinal, como o Brasil nos ensinou em 2014.



Existem grandes times que acabam morrendo na praia e ficando em segundo, como existem times nem tão grandes que são campeões. Esse Real Madrid é assim.

Quando iniciou a temporada - após, sem motivos aparentes, demitir Carlo Ancelotti do comando técnico - o time sofria com Rafa Benitez. Depois de levar de quatro do Barcelona decidiu mudar os rumos da temporada e colocou Zidane no comando.

O time foi se acertando, com bons jogadores - tem um elenco muito caro, há de ter - foi vencendo e avançando. Pegou a Roma na oitavas e avançou. Enfrentou o Wolfsburg, sofreu uma derrota amarga na Alemanha, mas reagiu na Espanha, e passou das quartas. Na semifinal foi melhor nos dois jogos diante de um Manchester City tímido e chegou a final.

Não anunciou em momento algum que era o time a ser batido, que seria campeão. Chegou na final contra o rival, que bateu as super potencias do jogo de posse de bola - Barcelona nas quartas e Bayern de Munique na semifinal - e sem ser favorito enfrentou os rivais em Milão.

Não fez uma grande partida na final, soube se defender bem é verdade, Kroos e Modric jogaram muita bola, mas não fosse os pênaltis - seja o de Griezmann no tempo normal ou os da decisão - não teria conquistado a "Undécima".


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"Undécima", a 11ª conquista de Champions League do Real Madrid, isso explica muita coisa. Copeiro demais a equipe é de longe a maior vitoriosa da competição - o Milan com sete é o mais próximo. Assim como o Boca Júniors na América do Sul, às vezes mesmo sem ter um grande time o Real avança e na hora agá leva a taça pra casa.

Torneios mata-mata são assim, nem sempre o melhor vence, nem sempre o melhor está na final. Acredito que Bayern de Munique e Barcelona são melhores times que o Real Madrid, mas nenhum deles conseguiu passar pelo Atlético com seu jogo pragmático. Os merenques conseguiram.

O futebol é assim, nem sempre o melhor vence e nem sempre quem vence os melhores é campeão.


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