Reentendendo o jogo


Todo torcedor ou jornalista esportivo acha que entende de esporte. Sabe o que deve ou não ser feito pelos técnicos e jogadores. É normal. Tostão hoje colunista da Folha de SP é quem melhor descreve o jogo jogado, mas não se considera um entendedor completo do assunto.
“Achava que sabia tudo e que podia explicar tudo o que acontecia em uma partida. Com o tempo, por mais que visse, escutasse e estudasse futebol, percebi que sabia pouco, cada vez menos, e que muitas das análises táticas e técnicas, a que dava tanta importância, tinham pouca ou nenhuma importância“. Disse o campeão do mundo de 1970 à jornalista Célia Chaim.
Ele tem razão, o futebol, os esportes em geral, são movidos por toda técnica tática e também pelo acaso. Você pode conhecer muito, mas não será capaz de adivinhar o resultado do jogo por causa disso, contará com a sorte na hora de acertar o resultado. Mesmo não sendo uma total loteria.
Os conhecimentos são evoluídos no esporte, os técnicos mudam o jogo de futebol, Rinus Michels inventou o “futebol total”, Arrigo Sacchi uma nova maneira de defender e Guardiola, recentemente, implantou o “jogo de posição”. Eles mudaram a fórmula da equação para se chegar a resultados diferentes, mas jogadores também sabem como fazer isso.
Vou usar um exemplo de outro desporte, do basquete, Stephen Curry armador do Golden State Warriors. Quem viu o esporte antes dele tem ideias que ele mudou, conceitos derrubados pelo jogador. Quem não o viu jogar acha uma cesta de três difícil, arriscado demais ficar tentando arremessar bolas de muito longe. Até Curry aparecer. O armador de 1,91m tem “apenas” 288 bolas de três nesta temporada da NBA, nos arremessos acima de 9 pontos tem média de acerto de 28,65% de aproveitamento, o restante da liga tem 7,9% no mesmo lance.
Aproveitamento dos arremessos de Curry
Stephen com pouco esforço, ritmo e muita confiança chega a fazer a cesta de três pontos decisiva, do meio da quadra ao estouro do relógio e trazer a vitória para seu time em um jogo difícil fora de casa. Ele é um ponto fora da curva, joga menos do que Michael Jordan, é mais revolucionário.
Ele está fazendo com que todas as ideias táticas e técnicas mudem a partir de agora, afinal ele faz o que ninguém nunca fez. Pelé mostrou ao mundo em 1970 que era possível fazer um gol do meio de campo pegando o goleiro desprevenido, como Cruyff mostrou ao mundo e Messi copiou a nova maneira de cobrar um simples pênalti.
O esporte evolui de diversas formas e maneiras, ninguém nunca vai poder entendê-lo completamente por causa disso. O futuro não é mais como antes, alias, nunca foi.
Matéria publicada no jornal O Atibaiense no dia 05/03/2016

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