Brasil x Alemanha: quem eu sou x quem eu quero (preciso) ser


"Sinto muito pelo resto do mundo, mas seremos imbatíveis por muito e muitos anos." Está frase é de Franz Beckenbauer, mas não foi dita depois do tetra em 2014, foi depois do tri em 1990, quando Franz era técnico.

Nos anos seguintes o mundo viu o contrário, uma Alemanha com futebol feio e com fracassos em Euros e Copas do Mundo. Em 1996 ganhou a Euro, por puro acaso do futebol, em 2002, quando disputou a final no Japão contra o Brasil, já se tinha a convicção de que era hora de mudar.

A Federação alemã e a Bundesliga investiram na base, nos estádios, atraíram os torcedores e mudaram os conceitos na seleção nacional. 

Jovens jogadores surgiram - com características nunca antes vista entre os alemães, como Müller, Reus, Götze e Özil por exemplo -, a Bundesliga cresceu, o campeonato virou o de maior média de público no mundo e a seleção voltou a ser campeã. Jürgen Klinsmann abriu o pensamento e inciou a mudança, Löw, auxiliar de Jürgen, deu continuidade e o time bateu campeão do mundo em 2014.

Todo o processo de crescimento está detalhado no livro "Gol da Alemanha".



Um pouco antes da Copa de 2014 Parreira disse que o Brasil estava com "a mão na taça" e antes havia dito que a "CBF era o Brasil que dava certo". Menos de um mês depois os próprios alemães escancaram o equivoco do técnico campeão de 1994.

Os 7x1 mostraram que era hora de mudar, com Dunga não mudou e talvez agora, depois de outros dois resultados ruins em Copas Américas, a coisa mude.

Amanhã o Brasil enfrenta os alemães, no jogo entre quem eu sou (Brasil) contra quem eu quero ser (Alemanha).

A seleção brasileira, junto do futebol brasileiro, precisam passar pelo processo alemão de evolução. Não é questão de copiar, mas evoluir, modernizar.

Micale/Tite podem ser o Klinsmann da seleção brasileira, o Brasil olímpico pode ser a base de uma nova visão de futebol de olho no futuro. Só isso não vai resolver, a CBF e os clubes brasileiros - não temos uma liga no Brasil, o surgimento dela pode ser um começo - também precisam trabalhar para isso.

Amanhã, no Maracanã, o Brasil é favorito para o inédito ouro, a seleção C da Alemanha é inferior e eles vão trabalhar com isso - afirmaram em entrevista. O melhor da Alemanha sempre foi o time e não o craque, além de se preparar para anular cada adversário. Em 1974 foi assim contra a Holanda, em 1990 contra Maradona e agora na Euro contra a Itália atuando com três zagueiros.

Isso sempre foi característico alemão, como o talento e a habilidade foram da seleção brasileira. O ataque brasileiro ainda é bom neste quesito, Neymar, os Gabriés e Luan tem provado isso. Por outro lado, Bernard ter jogado no Mineirão é a prova de que analisar o adversário nunca foi prioridade por aqui. Mas pode ser.



A partida, mesmo não sendo uma revanche, tem um gosto diferente, os 7x1 ainda machucam. Zeca, em entrevista à Folha de SP, disse que após ver o avô dele chorando no 8 de julho disse que chegaria a seleção e daria o troco. Bem ao estilo Pelé, prometendo ao avô em 1950 que seria campeão do mundo.

O ouro recupera a auto estima dos brasileiros, mas só isso não colocará o Brasil de volta ao patamar de outros tempos. A evolução do futebol pede mais.


Brasil x Alemanha  

Final Olimpíadas 

Maracanã, Rio de Janeiro, 20/08/2016 às 17:30h




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