Identidade Bayern, Santos e Palmeiras


Compreender a razão pela qual o Bayern decidiu mudar de técnico na sua temporada de maior sucesso da sua história exige um esforço intelectual difícil nos tempos de hoje. Obriga a refletir sobre a vida dos clubes, a complexidade do futebol e o papel dos dirigentes de uma empresa que mescla o tangível e o intangível, gols e gritos em partes iguais… O Bayern tinha história, poder, dinheiro, autoestima, sustentação social e uma trajetória gloriosa. Seus inúmeros êxitos se somavam às virtudes germânicas: a persistência, a fé indestrutível e a fortaleza de espírito. Mas era definir com exatidão sua filosofia de jogo… Procuravam um selo de identidade… E nesta busca, o eleito foi Guardiola.” Isto é um trecho do livro Guardiola Confidencial de Martí Perarnau que conta de perto o primeiro ano do técnico no Bayern de Munique.
Esta parte mostra como pensaram os dirigentes alemães que mudaram um time que estava ganhado porque queriam uma identidade. Agora, qual time brasileiro tem sua identidade de jogo? Dá para dizer que o Corinthians de Tite tem seu jogo de forte marcação e entrega, com resultados muito positivos, mesmo sem encantar. Que o Atlético-MG, desde Cuca, é o “Galo doido” que ataca como maluco e acreditando até o fim é capaz de feitos impossíveis. O Santos, com sempre, apostando na sua base e com seu DNA ofensivo. São alguns exemplos dos poucos que temos no Brasil hoje.
Os maiores times, que são lembrados até hoje são times que tem nome (às vezes sobrenome) e personagens bem definidos. É o Santos do Pelé, o Flamengo de Zico, a Holanda de 1974… Mas o Brasil de 1982 é um dos maiores neste quesito. O time tinha uma identidade tão forte que o perder pra Itália acabou criando a seleção em um mito. Na vida às vezes o mito se torna maior que a verdadecomo tomar manga com leiteele faz imaginar coisas que não existem. Mas esse Brasil existia.
Porém Pep Guardiola não foi contratado só pela identidade, eles também queriam um time que jogasse bem, não que vencesse. Pode parecer contraditório, não é. O fato de jogar bem implica na maioria das vezes em vencer, se um time joga bem a chance de vencer é maior. No futebol a sorte também é um fator determinante, em vários casos um time acaba vencendo, mesmo sendo pior, na sorte.
Guardiola odeia o “tiquitaca”, isso mesmo, odeia. Para ele não passa de um toque de bola sem objetivo, uma roda de bobinho que não leve a lugar nenhum. A ideia dele é ter a bola e com ela atacar, atacar e atacar. Assim vencer as partidas. O “tiquitaca” não é necessariamente, jogar bem.
Na final da Copa do Brasil temos um time com identidade e disposto a jogar bem: o Santos. O outro ainda não achou uma identidade e quer vencer: o Palmeiras. Qualquer um dos dois pode ser campeão, mas a chance do Peixe é maior.

Matéria publicada no jornal O Atibaiense em 31/10/2015




O lance do vídeo mostra bem o controle de jogo do Bayern

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