Dez é a camisa dele


No futebol não existe uma camisa tão mistica como a camisa 10. Seja onde for a dez nunca é dada a qualquer jogador – isso às vezes até acontece e a torcida pega no pé de que escolheu o perna de pau para usar a camisatem que ser alguém importante. Talvez por Pelé ter sido o “cara da camisa 10” ela tenha se tronando tão mística quanto se tornou. Mas existe uma diferença entre o “camisa 10” e o “camisa 10 clássico”.
O jogador que vai vestir o número 10 tem que ser alguém bom, importante, mas não tem problema se é atacante velocista, centroavante, ponta-esquerda ou meia. Agora o “camisa 10 clássico” é um só: é o arco e a flecha, rápido, habilidoso, com visão de jogo, dotado de genialidade e original; Faz gols, dá assistências, faz parte da construção das jogadas; Tem bom chute, colocação, passes e é artilheiro; Jogando atrás dos atacantes e na frente dos volantes. Tem que fazer algo quase impossível. Coisa que poucos, para os mais fanáticos nenhum, foram.
Pelé não é um 10 clássico, ele era ponta de lança. Alex também não, era muito lento, as vezes até chamado de “Alexotan”. Messi também não, fica muito perto da área, assim como Maradona. Talvez apenas Zico seja o verdadeiro “10 clássico”, coisa que vascaínos podem criticar, flamenguistas não.
Hoje há quem diga que Lucas Lima seja esse 10. Ele realmente participa das jogadas de ataque, é o jogador que mais dá assistências em seu time, que mais dribla. Ao mesmo tempo, não marca tantos gols, além de ser o jogador que mais desarma no Santos. Ele percorre o campo todo – sem exagero, basta ver os mapas de movimentação do jogador- e chega a ficar um jogo todo sem finalizar. Não é o “10 clássico”.
O que para os ingleses é o playmarker e para os argentinos o enganche, para os brasileiros o “10 clássico” é algo quase impossível e hoje menos importante que outras coisas.
Basta olhar os principais times, o Barcelona não tem um “10 clássico” e conta com 3 armadores de jogadas. Iniesta e Rakitic pelo meio, marcando e criando, e Messi pela direita, fazendo o papel de ponta também. No próprio Corinthians, Jadson joga pelo lado direito e Renato Augusto pelo meio ajuda na criação.
A quem diga que o novo “10 clássico” atualmente seja um Pirlo, Modric, Xabi Alonso, Xavi… Jogando na frente da defesa e organizando o jogo. Exatamente por isso não podem ser os novos neste quesito. Eles aparecem pouco ao ataque e fazem poucos gols.
Esse 10 é algo mais do imaginário do torcedor que dá realidade. Não é o cara que vai resolver o problema do seu time, hoje não existe nenhum jogador assim.
O número 10 estará sempre em uma partida de futebol, estampando em um jogador de qualidade na maioria das vezes. Qualquer dia aparecerá um “10 clássico verdadeiro” e talvez ninguém o reconheça.
Matéria publicada no jornal o Atibaiense no dia 26/09/2015

Texto também na pagina do jornal na internet

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