Torcedor tem sempre razão?
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O São Paulo passa por um mal momento e depois de Lucão, o bode expiatório da vez é Michel Bastos. Fizeram manifestação na rua contra o jogador, apitaram na orelha dele no último jogo, o chamaram de tudo quanto é nome. Ele virou o mercenário por querer receber o salário em dia e mesmo sendo um dos principais jogadores do tricolor foi xingado. No último jogo a torcida chegou até a se dividir em relação ao meia e uma parte vaiou os xingamentos da outra parte da torcida. Maicon, hoje no Grêmio, cansou dos são-paulinos o vaiarem e está bem em Porto Alegre, como alguns outros jogadores já fizeram.
Na quarta-feira, Robinho entrou no lugar de Cazares e a torcida chamou Aguirre de burro, com muita raiva, só por achar que o novo jogador do Galo não deveria entrar no lugar do equatoriano. O Galo vencia, o jogador que muitos foram ver entrara e só quiseram saber em chamar o treinador de burro.
Torcedor muitas vezes não tem cabeça, outras vezes o torcedor cliente – existe, é diferente, vai quando o time está ganhando – que mal sabe torcer, por não ser assíduo em estádios e vaia o time porque perdeu. Não se importa de como o time jogou, imagina que só por ter pago um ingresso, muitas vezes caro, tem como garantia a vitória. Este é o estilo do torcedor em jogos da seleção brasileira. O brasileiro com muito orgulho com muito amor que não empurra, apenas vaia como foi visto na Copa.
Sócrates tem uma história que simboliza bem o torcedor. Em um domingo qualquer o Corinthians perdeu um jogo, após o final da partida, o time corintiano ficou quatro horas no vestiário porque os torcedores queriam derrubar o ônibus, bater em todo mundo. No domingo seguinte, magrão irritado com o que havia acontecido, não comemorou nenhum dos três gols que fez em uma goleada de 4x0. Ao não comemorar ele se comunicava com a torcida, era o meio de fazer o torcedor entender a situação e para a partir disso jogar junto com a equipe.
Sócrates sempre gostou de dizer “o Corinthians não ganha jogo, é a torcida dele. O time só precisa saber usar essa força”. A expressão “torcida ganha jogo” não é infalível, mas é mais plausível que a do cliente. Só que o inverso também acontece. Torcida perde muito jogo por aí.
Matéria publicada no jornal O Atibaiense em 27/02/2016
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