O quanto a história do bobo é verdade?

Brasil 1985
Há um bom tempo já, tempo de Brasil tricampeão, Galvão Bueno soltou a frase “É amigo, não tem mais bobo no futebol”. Ela ganhou força com o passar dos anos e qualquer um que acompanhe um pouco futebol já deve ter ouvido falar. Hoje é ultrapassada e usada muitas vezes com um tom jocoso. Mas o quanto isso é real hoje?
Quando vemos o Brasil perder pela primeira vez uma partida de estreia de eliminatórias para o Chile, a Argentina perder em seu país para o Equador e a Alemanha para a Irlanda no mesmo dia—coisa que nunca antes na história do futebol havia acontecido— lembramos disso. Com a Copa do Mundo ainda recente, vem na cabeça a Costa Rica que desbancou Itália, Uruguai e Inglaterra e classificou-se em primeiro de seu grupo, só parando para a Holanda nos pênaltis já nas quartas de final. A mesma seleção laranja que agora está fora da Eurocopa com 24 seleções. Você tem vários exemplos de times menores avançando no lugar dela e de outras.
Hoje com Chile, Colômbia e Peru com técnicos argentinos, aliados a bom jogadores que surgiram por lá, você tem um time que consegue fazer frente com as potências mundiais, principalmente quando são mal treinadas como é o caso do Brasil. Mas isso não é só na América do Sul, os EUA tem um técnico alemão (Klinsmann), o México tem um colombiano (Osorio) e por ai vai.
Atualmente com um mundo mais “próximo”, o intercambio fez seleções menores crescerem. Na semana passada citei o “Know-how” dos europeus que fez criar jogadores “sul-americanos” e esse processo foi feito em todo o mundo, em quesitos táticos, técnicos e físicos também.
O mundo foi aprendendo a jogar futebol, os jogadores do mundo todo indo para os principais centros e trocando conhecimentos com os outros bons jogadores, técnicos, fisiologistas e tudo mais. O intercambio que faz crescer e colocar a Bélgica como primeiro no maluco ranking da Fifa, que é muito inadequado, mas que evidencia o crescimento de uma seleção mediana. As pessoas conhecem futebol, o lance bizarro do jogo entre Brasil x Zaire na Copa de 1974, em que um jogador africano sai da barreira e chuta a bola que seria chutada por um brasileiro não acontece mais.
Só que temos de lembrar que o futebol nunca foi só de protagonistas. Essa não é a primeira vez que o Brasil está ameaçado em uma eliminatória, nas de 1986 o medo era tão grande que Evaristo de Macedo caiu antes do fim da eliminatória. Na última Copa a Alemanha só anunciou que seria campeã depois do 7x1, a semifinal só tinha seleções de nome e em outras já tivemos Coreia do Sul e Turquia. A Hungria já foi forte um dia, a Espanha que foi fraca, foi campeã em 2010, a Colômbia em 1994 já foi a favorita de Pelé depois de boa eliminatória e o Chile foi de último da eliminatória de 2002 ao título da América neste ano.
O futebol vive de ciclos assim como a vida, Roma teve sua ascensão e queda, a zebra sempre fez parte do futebol também. Essa não é a eliminatórias mais difícil de todos os tempos, ela se tornou complicada porque as seleções evoluirão e o Brasil não. A Seleção irá para Copa, assim como a Argentina, mas para ganhar uma Copa do Mundo, não vai adiantará ter só os talentos individuais. Os únicos bobos eram aqueles que não sabiam o que era o futebol, hoje com mais de um século de futebol e dos clubes mais tradicionais, todo mundo descobriu o esporte. Então só jogá-lo não garante vencer, precisa mais que isso.
Matéria publicada no jornal O Atibaiense em 17/10/2015

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