Quanto vale?
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Na
última quarta-feira, o Liverpool desistiu de ampliar os preços dos
ingressos após protestos de seus torcedores contra o aumento de seu
valor. Eles deixaram o jogo contra o Sunderland antes do fim, como
forma de mostrar que não gostavam da nova iniciativa. O valor de 77
libras (R$ 433) que seria cobrando pelo clube na próxima temporada
caiu e o valor será o mesmo da atual, 59 libras (R$ 261) o ticket
mais caro. Talvez inspirada na torcida inglesa, a torcida alemã do
Borussia Dortmund também protestou contra os preços dos ingressos
de seu clube. Na partida contra o Stuttgart fora de casa, os
torcedores entraram com 20 minutos do primeiro tempo e começaram a
jogar bolas de tênis no campo. É uma imagem incrível, um protesto
legal, criativo, passando a mensagem que o clube sofre uma elitização
com o ingresso mais caro a 90 euros (R$ 395), virando “ingresso de
tênis” – uma final de US Open, por exemplo, custa 423 dólares
(R$ 1.641) o mais barato.
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Eles
reclamam lá, nós devemos reclamar aqui e já até reclamamos, sem
surtir muito efeito. Para se ter uma ideia, no Palmeiras o ingresso
mais barato custa R$ 80 e o mais caro RS 180. No Corinthians o mais
barato é R$ 50 e o mais caro é R$ 180—como sócio torcedor o
ingresso pode até sair de graça em ambos os clubes, além de meias
entradas nos clubes e gratuidade no Timão. Tudo isso com um porém
ainda, na Inglaterra o salário-mínimo é de 432 Libras (R$ 5.200),
na Alemanha é 1500 euros (R$ 6.500) e aqui no Brasil é R$ 880.
Para
ver um jogo do Barcelona você paga de 53 euros (RS 223) a 750 euros
(R$ 3.292), um jogo do Golden State Warriors (NBA) de U$86 (RS 333) a
U$ 995 (R$3.860), para ver o Super Bowl um preço médio de U$ 4.957
(R$ 19.233), um show do Coldplay no Allianz Parque de RS 120 a R$
680, um cinema uns 25 reais…
Na
vida o preço é sempre relativo, quanto vale cada evento é pessoal,
tanto na sua conta bancaria quanto na sua paixão. Torcedores
corintianos fizeram loucuras em 2012 para ir ao Japão ver seu clube
vencer o Chelsea e ser campeão mundial. Alguns não fizeram porque
têm dinheiro, foram pra lá tranquilos, e outros, não tão loucos
no meio do bando de loucos, ficaram por aqui vendo na TV.
Os
clubes muitas vezes não entendem que o torcedor não é cliente, ele
quer ver o jogo do seu time e não irá ver um outro poque está mais
barato. É a paixão pelo clube dele, mas com ingressos muito caros o
sacrifício uma hora passa a não valer a pena. No Brasil com as
novas Arenas e sócio torcedores – que tem muitos pontos positivos
e são bons—às vezes afastam alguns de seus torcedores.
Um
comercial famoso de cartões de crédito já dizia “Tem coisas que
o dinheiro não compra, para as outras, existe Mastercard”. Ele
estava certo, ver um jogo do seu time, um filme que gosta, o Super
Bowl, uma partida de Tênis, show de sua banda preferida… Para as
pessoas certas não tem preço. Só que nem todo mundo tem
Mastercard.
Matéria publicada no jornal O Atibaiense em 13/02/2016
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